Tudo é o nada em transformação, e
os astros são fadados a desta forma sumir do céu. Somos almas transeuntes; o pó das estrelas
que já não mais existem, acumulados sobre um tabuleiro de xadrez com peças imóveis
ocupando sempre as mesmas posições. Qualquer leve brisa nos jogará em casas
diferentes do jogo que nele está montado, até o dia de nosso último destino, em
que dele despencaremos.
As teorias metafísicas nunca foram
ciência, pois suas subjetividades nada têm de concreto a nos dizer. Cremos nela,
em nossas sensações e nos sonhos que nos definem. Mas tentamos sentir o mundo
sem entender o que sentimos, e o sonhar torna-se uma de nossas ilusões que se
fazem necessárias sem ser, assim como a própria metafísica.
Estes três nos direcionam ao atrito entre nossas aglomerações de pó de estrelas. Nosso sonho maior é a pequena resistência imperceptível do pó. Com ela desperdiçamos as escassas energias que
não passam de reminiscências do tempo em que fomos astros universais. Cegamo-nos
pelo sentimento de heroísmo, tal como a sentença própria imposta por Édipo. Sentimos
as peças do jogo movendo-se, quando na verdade o deslocamento é nosso, pois a vida é esta leve
brisa que nos empurra, e não vemos o quanto ela é leve e bela quando estamos cegos impondo o julgamento heroico.
Somos pó do nada; o próprio nada
com sentimento de heroísmo; o sonho de mudar os bispos, peões e reis; a breve e
passageira ilusão que a todo instante se esvai.
Nenhum comentário:
Postar um comentário