quarta-feira, 14 de maio de 2014

A Respeito do Nada

Tudo é o nada em transformação, e os astros são fadados a desta forma sumir do céu. Somos almas transeuntes; o pó das estrelas que já não mais existem, acumulados sobre um tabuleiro de xadrez com peças imóveis ocupando sempre as mesmas posições. Qualquer leve brisa nos jogará em casas diferentes do jogo que nele está montado, até o dia de nosso último destino, em que dele despencaremos.

As teorias metafísicas nunca foram ciência, pois suas subjetividades nada têm de concreto a nos dizer. Cremos nela, em nossas sensações e nos sonhos que nos definem. Mas tentamos sentir o mundo sem entender o que sentimos, e o sonhar torna-se uma de nossas ilusões que se fazem necessárias sem ser, assim como a própria metafísica.

Estes três nos direcionam ao atrito entre nossas aglomerações de pó de estrelas. Nosso sonho maior é a pequena resistência imperceptível do pó. Com ela desperdiçamos as escassas energias que não passam de reminiscências do tempo em que fomos astros universais. Cegamo-nos pelo sentimento de heroísmo, tal como a sentença própria imposta por Édipo. Sentimos as peças do jogo movendo-se, quando na verdade o deslocamento é nosso, pois a vida é esta leve brisa que nos empurra, e não vemos o quanto ela é leve e bela quando estamos cegos impondo o julgamento heroico.

Somos pó do nada; o próprio nada com sentimento de heroísmo; o sonho de mudar os bispos, peões e reis; a breve e passageira ilusão que a todo instante se esvai.

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