sábado, 17 de novembro de 2012

O Labirinto Mágico

É de estranha beleza, talvez um pouco assustadora para alguns, pensar no controle que não temos sobre os fatos que ocorrem em nossas vidas. Descarto a ideia de escrever a própria história, pois é impossível controlá-la. Partir da premissa de que nossas ações iriam gerar os resultados desejados seria ignorar as variantes que encontramos pelo caminho. O livro da vida me parece mais adequado a ser interpretado como um imenso labirinto mágico.

Tateamos suas paredes decoradas com indicações que nos servem de guia, não passando de esboços que por vezes nos permitimos rabiscar. Diversas bifurcações são apresentadas em nosso tramite. Há nelas um limitado direito de escolhas incertas, que mesmo espiando antes de encarar este ou aquele caminho, não nos permitem como verificar se as possibilidades vão seguir o rumo previsto. Ao olhar para trás nada enxergamos. Só encontramos ecos que insistimos em escutar. Às vezes damos pequenos gritos para ajudá-los a se propagarem por um tempo a mais.

Descobrimos pessoas compartilhando trechos em comum deste labirinto. Alguns permanecem encolhidos esperando ajuda, outros prosseguem com passos confiantes, certos de terem encontrado o melhor caminho. Destes não tenho como confirmar a verossimilhança de suas afirmações. Há ainda os que desejam que sigamos suas próprias trajetórias, e aqueles que encontramos ao acaso, procurando maneiras cooperativas para avançar, diminuindo ou acelerando o passo de acordo com nosso ritmo. Todos de alguma forma nos acompanharão, e em algum momento olharemos para o lado e perderemos seus rostos que desviaram-se por outros corredores.

No fim teremos traçado nossa própria rota, sempre apontando para a mesma saída misteriosa e desconhecida. Se pudéssemos olhar nosso labirinto de uma visão superior, provavelmente não seríamos impulsivos em apontar seu final com o dedo, quanto menos nos perderíamos tentando achar novos caminhos desconhecidos. Percorreríamos nossa vida tentando lembrar as escolhas, desde o primeiro momento ao seu desfecho, repetindo tudo como na primeira vez.

Nenhum comentário:

Postar um comentário