segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Dom Quixote e a metáfora do moinho

                A obra prima de Miguel de Cervantes, “El Ingenioso Hidalgo Don Quijote de La Mancha”, escrito há mais de quatrocentos anos, é considerada o expoente máximo da literatura espanhola, sendo escolhida em 2012 como a melhor obra de ficção de todos os tempos em uma votação em que participaram escritores internacionais, instituída pelo clube do livro Norueguês.

                A aventura, dividida em dois volumes é uma sátira aos populares romances de cavalaria da época, que eram criticados por não oferecer nada de construtivo ao povo. Tipo de crítica que atualmente é muito comum em programas televisivos, conteúdos da internet, revistas, e até mesmo em diversos livros. Na história, de tanto ler este tipo de romance, o personagem Alonso Quijano, já em certa idade, acabou “secando o cérebro”, e em sua loucura se intitulou cavaleiro errante, nomeando-se Don Quijote de La Mancha.

Faz diversas viagens pela Espanha junto ao seu fiel escudeiro Sancho Panza, que observa o mundo sob sua própria visão humilde de realidade. Os dois personagens constituem um equilíbrio em que enquanto um representa o sonhador que busca mudar o mundo na tentativa de forçá-lo a ser da sua maneira, e não necessariamente melhor, o outro tenta enxergar as coisas como se apresentam, formando por diversas vezes a voz da razão.

                Logo no início, no capítulo VIII, nos é contada a conhecida história dos moinhos de vento, que não deixa de ser uma amostra, ou talvez até um resumo, de todo o porvir da aventura. Nela, Quixote se depara com pouco mais de trinta gigantes, e é esclarecido pelo fiel escudeiro que não passam de moinhos de vento. Não convencido, o cavaleiro avança contra um dos moinhos enquanto grita para as criaturas covardes não fugirem. Choca-se contra uma de suas pás, que o derruba junto com seu cavalo Rocinante. Ao ser novamente alertado por Sancho, Quixote responde que um sábio transformou os gigantes em moinhos para tirar a glória de sua batalha vencida. Podemos ver o confronto entre a loucura e a realidade em uma das muitas metáforas presentes na história. Os moinhos representam os sonhos perdidos, que por muitas vezes nos derrubam, e quando machucados, levantamos dando esporro na razão, aqui representada por Sancho. Terminamos por buscar uma nova aventura que nos faça seguir em frente.

Uma das ilustrações que Gustave Doré fez sobre a obra.

                Dom Quixote de La Mancha é um personagem que tenta modificar o mundo seguindo a sua visão própria de ideal. Diversas vezes no livro a loucura pode ser questionada, pois entre quedas e machucados ele estaria lutando baseado naquilo que crê ser a moral que deve ser seguida. É acima de tudo uma história em que os personagens traçam um paralelo sobre a humanidade, pois todos temos um pouco Sancho e uma porção de Quixote.

4 comentários:

  1. Realmente D. Quixote era louco de pedra, minha mãe contava está história quando era pequena, bem resumida mas agente ria que rolava.

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  2. O que Miguel de Cervantes retratou neste obra foi a sua luta contra a Igreja Católica, com seus ventos de doutrinas (Efésios 4:14), isto é, os Moinhos de Ventos. Ver: https://maiorsegredodahumanidade.blogspot.com/
    João Elias

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  3. Eu entendo que os moinhos de vento representam a visão exagerada de certas questões que insistimos em dar importância maior do que merecem. Por exemplo, quando alguém vê como "ação comunista" certos programas sociais governamentais, este alguém está sendo um Dom Quixote diante de uma moinho de vento.

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