"Navegar é preciso; viver não é preciso"
Escutei este verso primeiramente como um refrão na música Os Argonautas, e sem entender seu sentido, acabou por não atrair a minha atenção. Ao ler Fernando Pessoa, deparei-me novamente com ele, e por dias não saiu de minha cabeça, enquanto aos poucos coloquei-me a refleti-los.
Na frase original, "Navigare necesse, vivere non est necesse." dita pelo general romano Pompeu, no século I A.C, a palavra repetida no final de cada período é "necesse" (necessário). Em sua tradução, Pessoa troca a palavra "necessário" por "preciso", aumentando desta forma as interpretações deste verso.
"Navegar é preciso;", empregando o sentido de necessidade, pode ser interpretada como a busca de nossos objetivos pessoais; nossas metas; explorando-as e conquistando como um desbravador do mar. Se nos referirmos ao sentido de precisão, falaremos da forma com que esta navegação é feita, com planos, investimentos, cálculos, precauções e realizações.
O próximo período da frase: "Viver não é preciso.", pode nos dizer sobre a imprecisão da vida. E somente por este sentido, o período anterior já é justificável. Mas ao analisarmos a não necessidade de viver, encontramos um sentido mais existencialista, tão marcante na obra do poeta português. Afirmando que não é preciso viver, ao mesmo tempo o verso nos diz que a vida é mais do que a sua simples existência desnecessária.
Desta forma, esta vertente da interpretação nos diz que não é preciso somente viver. É necessário penetrar no desafio de aprender a navegar; conhecer novos portos, enfrentar as tempestades e descobrir-se em meio ao mar.
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