Mais uma vez reconstruo a infância em minhas memórias. Procuro entre elas as primeiras que consigo encontrar, e me deparo jogando Atari com meu irmão; chorando por não gostar de comer; observando a rua de minha casa pensativo no quanto o mundo era vasto e inexplicável; e cercado de pessoas que deste então já estavam pré-definidas para eu amar pelo resto de minha vida.
Esta primeira infância é um caminho psicológico ao que somos, sendo essencial no "Conhece-te a ti mesmo", já inscrito a muito tempo no oráculo de Delfos. Porém quanto mais o tempo passa, maior é o labirinto em que este caminho se converte, e enigmas acabam sendo acrescentados à ele. Chegar a algum lugar torna-se um grande desafio, maior do que o de jogar Atari com o irmão quando se tem três ou quatro anos.
A frase do oráculo, atribuída aos sete sábios de Delfos, conclui-se com: "...e conhecerá os deuses e o universo". Talvez sendo mais antiga que o próprio oráculo a ideia de que conhecer-se é conhecer os deuses que vivem em si. Com o passar do tempo o meu mundo de um guri de três anos expandiu para um universo, continuando a ser muitas vezes complexo, e tantas outras inexplicável. E a curiosidade de minha primeira infância continua a mesma, sendo ela a responsável pela exploração de tudo aquilo que ainda expandirá, e que nunca saberei por inteiro.
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