quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Microcosmos

No apartamento anterior em que morei, as traças me faziam companhia. Neste em que hoje vivo, sempre me deparo com trilhas de formigas. Compreendi suas presenças constantes ao encontrar a sua cidadela em uma fenda dos azulejos do banheiro.

Onde morei anteriormente já existiam as inúmeras traças quando cheguei, e provavelmente ainda se dependuram nas grossas paredes amarelas após a minha partida. Prestigiarei agora uma fase de vivência com algumas gerações de formigas. O que dá um certo alívio quando penso em meus livros que eram ameaçados pelas traças, seus predadores naturais.

A capacidade de raciocínio lógico junto ao polegar opositor geram grande parte do nosso orgulho de superioridade, enquanto a maior população da terra está concentrada em microcosmos que não damos importância. Já estavam por aqui quando chegamos, e provavelmente continuarão após a nossa partida.

Cada formigueiro contem histórias sobre guerras, liderança e sobrevivência, que nunca estarão escritos nos livros de história. Livros estes, que um dia serão devorados pelas traças.

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