No apartamento anterior em que morei, as traças me faziam companhia. Neste em que hoje vivo, sempre me deparo com trilhas de formigas. Compreendi suas presenças constantes ao encontrar a sua cidadela em uma fenda dos azulejos do banheiro.
Onde morei anteriormente já existiam as inúmeras traças quando cheguei, e provavelmente ainda se dependuram nas grossas paredes amarelas após a minha partida. Prestigiarei agora uma fase de vivência com algumas gerações de formigas. O que dá um certo alívio quando penso em meus livros que eram ameaçados pelas traças, seus predadores naturais.
A capacidade de raciocínio lógico junto ao polegar opositor geram grande parte do nosso orgulho de superioridade, enquanto a maior população da terra está concentrada em microcosmos que não damos importância. Já estavam por aqui quando chegamos, e provavelmente continuarão após a nossa partida.
Cada formigueiro contem histórias sobre guerras, liderança e sobrevivência, que nunca estarão escritos nos livros de história. Livros estes, que um dia serão devorados pelas traças.
Nenhum comentário:
Postar um comentário